ÓRGÃOS URINÁRIOS
INTRODUÇÃO
O sistema urinário é constituído pelos órgãos uropoéticos, isto é, incumbidos de elaborar a urina e armazená-la temporariamente até a oportunidade de ser eliminada para o exterior. Este aparelho pode ser dividido em órgãos secretores - que produzem a urina - e órgãos excretores - que são encarregados de processar a drenagem da urina para fora do corpo. Os órgãos urinários compreendem um par de rins, que produzem a urina a partir do sangue; os ureteres, que conduzem a urina dos rins; a bexiga, onde a urina fica armazenada até que possa ser convenientemente liberada; e a uretra, através da qual é expelida do corpo.
Vista ventral de um animal esquematizando a localização dos órgãos urinários. Fonte: www.google.com |
RINS
Morfologia
Os rins são glândulas de consistência firme, cor castanho-avermelhada, cujo aspecto varia consideravelmente entre os mamíferos. O formato reniforme (em forma de grão de feijão) é encontrado no cão, no gato e em pequenos ruminantes. Os rins do suíno correspondem a uma versão muito mais achatada, ao passo que os dos equinos são mais em forma de coração. Em contraste, os rins bovinos são muito diferentes e possuem uma superfície intensamente sulcada que delineia muitos lóbulos.
Os rins são glândulas de consistência firme, cor castanho-avermelhada, cujo aspecto varia consideravelmente entre os mamíferos. O formato reniforme (em forma de grão de feijão) é encontrado no cão, no gato e em pequenos ruminantes. Os rins do suíno correspondem a uma versão muito mais achatada, ao passo que os dos equinos são mais em forma de coração. Em contraste, os rins bovinos são muito diferentes e possuem uma superfície intensamente sulcada que delineia muitos lóbulos.
Rins de bovino. Fonte: www.google.com |
Rim de equino. Fonte: Setor de Morfologia DVT / UFV |
Rins de suíno. Fonte: www.google.com |
Localização
Os rins geralmente são encontrados comprimidos contra a parte superior do abdome, um de cada lado da coluna vertebral (exceto nos ruminantes, em que o rim esquerdo é empurrado na metade direita do abdome pelo imenso desenvolvimento do estômago) e predominantemente na região lombar, apesar de se estenderem com frequência sob as últimas costelas. Suas posições mudam com os movimentos do diafragma e eles deslocam-se a cada movimento respiratório. Raramente são simétricos; nos animais domésticos, exceto nos suínos, o direito fica cerca da metade do tamanho do seu comprimento adiante de seu par.
Desenho esquemático da posição dos rins em suínos. Fonte: POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. 1985. |
Desenho esquemático da posição dos rins em carnívoros. Fonte: POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. 1985. |
Desenho esquemático da posição dos rins em bovinos. Fonte: POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. 1985. |
Desenho esquemático da posição dos rins em equinos. Fonte: POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. 1985. |
A extremidade cranial do rim direito ajusta-se comumente a uma depressão do fígado, que auxilia sua fixação. O esquerdo, na falta desta acomodação, é mais móvel e mais propenso a pender no abdome. Em geral, os rins comprimidos contra o teto do abdome são basicamente retroperitoneais, enquanto aqueles suspensos em um nível mais baixo apresentam uma cobertura peritoneal mais extensa.
Representação esquemática da posição dos rins em relação á cavidade peritoneal. Fonte: DYCE, K. M. et al. Tratado de Anatomia Veterinária. 2007. |
1 - Intestino; 2 - Rim direito (retroperitoneal); 3 - Rim esquerdo (intraperitoneal - pendular ou "flutuante")
Superfície externa do rim
A superfície de um rim geralmente
é lisa e convexa, exceto por uma escavação da borda medial. Esta escavação leva
a um espaço oculto (seio renal), ocupado pela origem dilatada (pelve renal) do
ureter, bem como vasos e nervos que vão e vêm do hilo renal.
Rim humano demonstrando as estruturas que entram e saem do hilo. Fonte: NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 2000. |
O parênquima do rim fica
incluído dentro de uma cápsula fibrosa, denominada cápsula renal. Esta cápsula
restringe a capacidade de expansão do rim e sai facilmente quando este se
encontra sadio, mas adere quando o material subjacente sofreu cicatrização por
lesões antigas.
Fonte: Setor de Morfologia DVT / UFV |
Ao corte frontal, que divide o rim em duas partes, é possível reconhecer o córtex renal, uma camada mais externa e pálida, e a medula renal, uma camada mais interna e escura. O córtex emite projeções para a medula denominadas colunas renais, que separam porções cônicas da medula chamadas pirâmides.
As pirâmides têm bases voltadas para o córtex e ápices voltados para a medula, sendo que seus ápices são denominados papilas renais. É na papila que desembocam os ductos coletores pelos quais a urina escoa atingindo a pelve renal e o ureter. A pelve é a extremidade dilatada do ureter e está dividida em dois ou três tubos chamados cálices maiores, os quais subdividem-se em um número variado de cálices menores. Cada cálice menor apresenta um encaixe em forma de taça com a papila renal.
Rim humano representando os componentes estruturais de um rim multipiramidal. Fonte: NETTER, F. H. Atlas de anatomia humana. 2000. |
Cada pirâmide medular
com seu córtex associado constitui um lobo renal. Os rins que conservam esta
organização são denominados de multipiramidais ou multilobulares. Em alguns
rins multipiramidais, como os dos bovinos, os limites entre os lobos são
revelados pelas fissuras que penetram a partir da superfície; em outros,
incluindo os dos suínos, nenhuma evidência externa de lobação está presente.
Todos os rins dos
mamíferos passam por uma fase multipiramidal em seu desenvolvimento, embora, na
maioria das espécies, a quantidade de lobos seja drasticamente reduzida mais
tarde. Em algumas espécies, inclusive a canina, a equina e a ovina, todas as
pirâmides acabam por fundir-se, constituindo uma única massa medular, que
confina o córtex à periferia, onde forma uma cobertura externa contínua. Mesmo
este tipo unipiramidal ou unilobular de rim guarda um certo indício de sua
ontogenia.
Rim de carnívoro/pequeno ruminante Fonte: Setor de Morfologia DVT/UFV |
Rim de suíno. Fonte: Setor de Morfologia DVT/UFV |
Como funcionam os rins
As unidades funcionais
dentro do rim são conhecidas como túbulos renais ou néfrons.
O néfron é uma longa estrutura tubular microscópica que possui, em uma das
extremidades, uma expansão em forma de taça, denominada cápsula de Bowman,
que se conecta com o túbulo contorcido proximal, que continua pela alça
de Henle e pelo túbulo contorcido distal; este desemboca em um tubo
coletor. São responsáveis pela filtração do sangue e remoção das excreções.
O sangue chega ao rim
através da artéria renal, que se ramifica muito no interior do órgão,
originando grande número de arteríolas aferentes, onde cada uma ramifica-se no
interior da cápsula de Bowman do néfron, formando um enovelado de capilares
denominado glomérulo de Malpighi.
O sangue arterial é conduzido sob alta pressão nos capilares do
glomérulo. Essa pressão, que normalmente é de 70 a 80 mmHg, tem intensidade
suficiente para que parte do plasma passe para a cápsula de Bowman, processo
denominado filtração. Essas substâncias extravasadas para a cápsula de
Bowman constituem o filtrado glomerular, que é semelhante, em composição
química, ao plasma sanguíneo, com a diferença de que não possui proteínas,
incapazes de atravessar os capilares glomerulares.
O
filtrado glomerular passa em seguida para o túbulo contorcido proximal, cuja
parede é formada por células adaptadas ao transporte ativo. Nesse túbulo,
ocorre reabsorção ativa de sódio. A saída desses íons provoca a remoção de
cloro, fazendo com que a concentração do líquido dentro desse tubo fique
menor (hipotônico) do que do plasma dos capilares que o envolvem. Com isso,
quando o líquido percorre o ramo descendente da alça de Henle, há passagem de
água por osmose do líquido tubular (hipotônico) para os capilares sangüíneos
(hipertônicos) – ao que chamamos reabsorção. O ramo descendente
percorre regiões do rim com gradientes crescentes de concentração.
Conseqüentemente, ele perde ainda mais água para os tecidos, de forma que, na
curvatura da alça de Henle, a concentração do líquido tubular é alta.
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Esse
líquido muito concentrado passa então a percorrer o ramo ascendente da alça de
Henle, que é formado por células impermeáveis à água e que estão adaptadas ao
transporte ativo de sais. Nessa região, ocorre remoção ativa de sódio, ficando
o líquido tubular hipotônico. Ao passar pelo túbulo contorcido distal, que é
permeável à água, ocorre reabsorção por osmose para os capilares sangüíneos. Ao
sair do néfron, a urina entra nos dutos coletores, onde ocorre a reabsorção
final de água.
Dessa
forma, estima-se que em 24 horas são filtrados cerca de 180 litros de fluido do
plasma; porém são formados apenas 1 a 2 litros de urina por dia, o que
significa que aproximadamente 99% do filtrado glomerular é reabsorvido.
Além desses
processos gerais descritos, ocorre, ao longo dos túbulos renais, reabsorção
ativa de aminoácidos e glicose. Desse modo, no final do túbulo distal, essas
substâncias já não são mais encontradas.
Os capilares que reabsorvem as
substâncias úteis dos túbulos renais se reúnem para formar um vaso único, a veia
renal, que leva o sangue para fora do rim, em direção ao coração.
Os rins são supridos pela artéria renal, que se origina da aorta. A artéria renal divide-se no hilo em um ramo
anterior e um ramo posterior. Estes se dividem em várias artérias segmentares
que irão irrigar vários segmentos do rim. Essas artérias,
por sua vez, dão origem às artérias interlobares, que, na junção córtico-medular,
dividem-se para formar as artérias arqueadas e posteriormente as artérias
interlobulares. Dessas artérias surgem as arteríolas
aferentes, as quais sofrem divisão formando os capilares dos glomérulos, que em seguida, confluem-se para forma a
arteríola eferente. A arteríola eferente dá
origem aos capilares peritubulares e às arteríolas retas, responsáveis pelo
suprimento arterial da medula renal.
A drenagem venosa costuma seguir paralelamente o trajeto do
sistema arterial. O sangue do córtex drena para as veias arqueadas e destas
para as veias interlobares, segmentares, veia renal e finalmente veia cava
inferior.
Desenho esquemático de um lobo renal. Fonte: CHEIDA, L. E. Biologia Integrada. 2002. |
Funções
Os rins realizam o trabalho principal do sistema urinário, com as outras partes do sistema atuando, principalmente, como vias de passagem e áreas de armazenamento. Com a filtração do sangue e a formação da urina, os rins contribuem para a homeostasia dos líquidos do corpo de várias maneiras. As funções dos rins incluem:
Os rins realizam o trabalho principal do sistema urinário, com as outras partes do sistema atuando, principalmente, como vias de passagem e áreas de armazenamento. Com a filtração do sangue e a formação da urina, os rins contribuem para a homeostasia dos líquidos do corpo de várias maneiras. As funções dos rins incluem:
- Regulação da composição iônica do sangue;
- Manutenção da osmolaridade do sangue;
- Regulação do volume sangüíneo;
- Regulação da pressão arterial;
- Regulação do pH do sangue;
- Liberação de hormônios;
- Regulação do nível de glicose no sangue;
- Excreção de resíduos e substâncias estranhas.
PELVE RENAL E URETER
Pelve renal é a porção proximal do ureter no rim. A sua principal função é atuar como um funil para a urina fluir para o ureter.
O ureter é um
tubo estreito que conduz a urina em um fluxo contínuo da pelve para a bexiga. A
extremidade proximal do ureter divide-se em pelve renal nos equinos,
carnívoros, ovinos e suínos ou em cálices maiores nos bovinos.
Ao alcançar a cavidade pélvica, o ureter inclina-se medialmente para adentrar a prega genital no macho ou o ligamento largo na fêmea; isto conduz o ureter sobre a superfície dorsal da bexiga, na qual se abre perto do colo. No macho, o ureter passa dorsal ao ducto deferente correspondente.
Ao alcançar a cavidade pélvica, o ureter inclina-se medialmente para adentrar a prega genital no macho ou o ligamento largo na fêmea; isto conduz o ureter sobre a superfície dorsal da bexiga, na qual se abre perto do colo. No macho, o ureter passa dorsal ao ducto deferente correspondente.
O ureter adentra a
parece vesical de forma bastante oblíqua. O comprimento do trajeto intramural
protege contra o refluxo de urina para o ureter quando a pressão se eleva
dentro da bexiga. Ele não impede maior enchimento da bexiga, já que a
resistência é superada pelas contrações peristálticas da parede do ureter.
Fonte: DYCE, K. M. et al. Tratado de Anatomia Veterinária. 2007. |
OBS.: Em carnívoros e pequenos ruminantes ocorre a presença de um recesso pélvico, não há papila e sim uma crista renal.
Em equinos, pelo fato de terem os rins
em formato de coração, a pelve é muito pequena para coletar a urina produzida
pelos rins. Para suprir a pelve pequena, o rim do equino possui os recessos
terminais que coletam a urina dos pólos do rim.
BEXIGA URINÁRIA
A bexiga é um órgão
distendível de estocagem e, portanto, pode não ter tamanho, posição ou relações
constantes. É pequena e globular quando completamente contraída, sendo então
notável pela grande espessura de suas paredes. A bexiga contraída repousa nos
ossos púbicos; fica confinada à cavidade pélvica nas espécies de maior porte,
mas estende-se para o abdome nos carnívoros.
Nenhum aumento imediato
na pressão interna ocorre quando a bexiga começa a encher-se. Mas, uma vez que
um determinado volume, muito considerável, seja atingido, a pressão eleva-se
abruptamente; isto provoca a urgência de eliminar a urina, uma urgência
obedecida sem hesitação em muitas espécies.
Nas espécies maiores, a
bexiga contraída fica em grande parte retroperitoneal, mas a maior parte da
superfície torna-se intraperitoneal quando o órgão ainda estiver moderadamente
expandido.
A frouxa fixação da
mucosa vesical e sua capacidade de estiramento permitem uma modificação
acentuada no aspecto do interior com qualquer alteração do estado fisiológico.
A superfície, muito pregueada quando o lúmen é pequeno, torna-se geralmente
lisa quando a bexiga enche.
Bexiga de égua (foto superior) e bexiga de carnívoro (foto inferior). Fonte: Setor de Morfologia - DVT/UFV. |
URETRA
A uretra é
um tubo que conduz a urina da bexiga para o meio externo. Ela se diferencia entre os dois sexos.
Uretra Feminina
A uretra feminina é curta, corre caudalmente no assoalho pélvico, abaixo do trato reprodutivo. Ela passa de forma oblíqua pela parede vaginal para abrir-se ventralmente à junção da vagina e do vestíbulo. Seu comprimento e sua largura variam de modo considerável entre as espécies, sendo notavelmente curta e ampla nas éguas. Em alguns animais, como na vaca e na porca, abre-se junto com o divertículo suburetral; em outros, como a cadela, em um tubérculo.
Quando um
divertículo estiver presente, estará incluído dentro do uretral, que circunda a
uretra ao longo da maior parte do seu comprimento.
A uretra de uma fêmea tem a função exclusiva de conduzir a urina para o meio externo ao corpo.
A uretra de uma fêmea tem a função exclusiva de conduzir a urina para o meio externo ao corpo.
Figura representando vagina (1), bexiga
(2) e uretra (3) de uma porca/vaca.
Fonte: DYCE, K.
M. et al. Tratado de Anatomia
Veterinária. 2007.
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Uretra masculina
A uretra
masculina é longa, estende-se desde um óstio interno no colo da bexiga até um óstio
externo na extremidade livre do pênis. É, portanto, divisível em uma parte
interna ou pélvica e uma parte externa ou esponjosa, referindo-se o último
adjetivo ao tecido bastante vascular que circunda a uretra quando deixa a
cavidade pélvica. A parte esponjosa encontra-se em grande proporção incorporada
dentro do pênis, sendo apropriadamente considerada como componente deste órgão.
A parte pélvica está unida pelo(s) ducto(s) deferente(s) e vesicular(es) (ou
ejaculatório combinado) a uma curta distância se sua origem da bexiga; a maior
parte da uretra, portanto, serve para liberar urina e sêmen.
Em carnívoros, a próstata envolve a uretra. A próstata possui uma cápsula fibrosa que impede sua expansão, quando ocorre um tomor na mesma. Esse crescimento celular pode obstruir a uretra.
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Fonte: DYCE, K.
M. et al. Tratado de Anatomia
Veterinária. 2007.
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Referências Bibliográficas:
POPESKO, P. Atlas de anatomia topográfica dos animais domésticos. 1985.
DYCE, K. M. et al. Tratado de anatomia veterinária. 2010
KONIG, H. E. Anatomia dos animais domésticos. 2004.
https://www.google.com